“Saúde Pública & Medicina Baseada em Sistemas Inteligentes”

Retornamos às atividades do Observatório trazendo textos que nos dão um pouco das perspectivas do atendimento médico para o nosso tempo.

O professor Carlos Gadelha, economista da Fiocruz, que há muito se dedica ao estudo e condução de políticas públicas de inovação na área de saúde, publicou um importante artigo no Jornal do Brasil, neste início do ano: Desenvolvimento e inovação: a saúde como uma oportunidadehttps://www.jb.com.br/pais/artigo/2019/01/970512-desenvolvimento-e-inovacao–a-saude-como-uma-oportunidade.html

A íntegra do artigo também está disponível no site da ABRASCO, https://www.abrasco.org.br/site/outras-noticias/opiniao/desenvolvimento-e-inovacao-a-saude-como-uma-oportunidade-por-carlos-gadelha/38933/

Nesse texto, destaca que o potencial do Complexo Econômico-Industrial da Saúde pode ser a “base para a superação da crise e para a construção de consensos possíveis em torno de uma estratégia nacional de desenvolvimento que alie o bem-estar, o acesso universal e a inovação”.

Dentro da perspectiva de inovação, Gadelha destaca o que tem sido um dos focos das discussões iniciais do nosso observatório: “A entrada do Brasil na quarta revolução tecnológica, que já constitui uma realidade global. A interconectividade das pessoas e das coisas, a inteligência artificial integrada ao uso de grandes bases de dados, a digitalização do mundo biológico, a impressão 3D, a nanotecnologia e uma saúde pública baseada em sistemas inteligentes e preditivos incorporam os desafios do futuro e conformam uma agenda crítica para a saúde no presente”. E o professor indica a necessidade de direcionar a criatividade desta inovação justamente para a atenção primária, saindo do lugar-comum da dicotomia entre alta e baixa-complexidade.

E isso já está se dando. Como exemplo: desde meados de 2018, o Hospital Albert Einstein iniciou atendimento por telemedicina. Tanto no suporte técnico de conteúdo e protocolos para unidades de emergência e terapia intensiva, como no atendimento direto ao paciente. O atendimento funciona continuamente em qualquer horário, como qualquer emergência aberta. https://www.youtube.com/watch?v=kFDLCn4mHHM

Por enquanto, os protocolos de Inteligência Artificial são utilizados pela equipe para a gestão dos protocolos e predição de risco e prognóstico. O atendimento ainda é feito por profissionais e o envio de receitas e prescrições também se dá pela web.

Enquanto pensamos no impacto desse novo modelo na relação entre o médico e o paciente, e imaginamos a possibilidade de atendimento sem médico a partir da utilização dos protocolos por programas de IA, nos faz bem apresentar outra perspectiva.

Dois pesquisadores do departamento de psicologia da Universidade de Stanford¹ publicaram estudo onde demostram que a amabilidade e o carinho com que o médico atende ao paciente tem resultados benéficos sobre a recuperação da saúde deste. A empatia, que pode ser traduzida em compaixão vão além do poder da medicação e, em grande parte podem explicar o que se pensava ser apenas efeito placebo.

Leibowitz, um dos pesquisadores, fala de atitudes simples “como sorrir, olhar nos olhos dos pacientes e perguntar seus nomes”, em artigo recente onde apresentam a pesquisa na imprensa leiga. https://www.nytimes.com/2019/01/22/well/live/can-a-nice-doctor-make-treatments-more-effective.html

Nesse texto, nos convence que muito do que podemos fazer no cuidado está sendo subutilizado. Justamente num momento em que “a inteligência artificial promete um mundo onde não precisamos ir ao médico”.

 

Luiz Vianna

1- Leibowitz, AK; Hardebeck, EJ; Goyer, JP; Crum, AJ. Physician Assurance Reduces Patient Symptoms in US Adults: an Experimental Study. J Gen Intern Med 33(12):2051–2 August 20, 2018.

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