Fonte: William DeShazer – The New York Times
https://www.nytimes.com/2018/12/08/health/medical-journals-conflicts-of-interest.html
O modelo norte-americano de medicina transformou o paciente em um consumidor. Dessa forma, são oferecidos uma série de exames e terapêuticas com a intenção de reduzir o seu sofrimento. Todos os dias resultados positivos de pesquisas são publicados nas revistas científicas, que se transformam em práticas clínicas, aumentando exponencialmente as opções nas suas diversas apresentações.
Em um primeiro momento, parece que atingimos um período iluminado, em que a ciência é colocada na condição divina de definir se viveremos e como será isso. A previsão de Francis Bacon enfim é confirmada, atingimos um patamar de desenvolvimento científico em que nos transformamos em seres biônicos, em que a morte pode vir a ser uma eventual opção. Transumanos.
Acontece que essa promessa, trouxe um poder de negócio às indústrias envolvidas no mercado da saúde, que promete retornos financeiros aos investidores, nunca antes atingidos
Esse encontro entre a demanda por viver mais e melhor, com a capacidade de desenvolvimento de um mercado triunfante seria o ápice da condição do desenvolvimento humano. Só que não.
Essa discussão é síntese da pós modernidade, do mundo líquido descrito por Zigmunt Bauman, o hiperconsumismo. Mais do que qualquer postura moralista, é importante que tomemos consciência dessa condição.
Marcelo Magalhães
A área da oncologia é o novo foco da Big-Pharma, pelo seu potencial de novas descobertas, e pela forte expansão com a farmaco-genômica. A informação genética na área de oncologia, por si só já virou um grande produto, que está sendo contrabandeado para o banco de dados do sistema da IBM, o Watson for Oncology. E o escândalo recente também envolve o Memorial Sloan Kettering; ver https://www.statnews.com/2018/12/06/memorial-sloan-kettering-web-of-conflicts/.