A Silimed, uma empresa brasileira de próteses de silicone, considerada exemplo de empreendedorismo e que nasceu no subúrbio carioca, na favela de Vigário Geral, destacou-se no mundo utilizando mão-de-obra local e chegou a exportar para mais de 60 países.
Nos escândalos anteriores envolvendo próteses de silicone, com a francesa PIP e a holandesa Rofil, ambas acusadas de utilizarem silicone de qualidade inferior, a Silimed passou ilesa e foi considerada como um exemplo mundial de qualidade.
Contudo, desde 2015, a empresa brasileira protagoniza o escândalo da vez, sendo acusada por entidades europeias de seus implantes apresentarem partículas – “corpos estranhos” – na superfície. Essas partículas seriam capazes de aumentar o processo inflamatório local na mama, podendo gerar complicações como a contratura capsular e até mesmo linfoma.
No meio dessa crise, mais precisamente três semanas depois das sanções europeias, a empresa sofreu um incêndio que acometeu o ‘coração’ da produção das próteses – a ‘sala limpa’. A ‘sala limpa’ caracteriza-se por ser um ambiente com rígido controle da quantidade de partículas no ar, pressão positiva e baias de descontaminação. O incêndio só contribuiu para aumentar as dúvidas e o descrédito com a qualidade dos implantes da empresa.
Segue, abaixo, o link da matéria da revista Piauí. Esta matéria faz parte do Implant Files, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o ICIJ, com sede em Washington, DC. O Implant Files reúne 252 profissionais de 59 veículos de 36 países, que investigaram dezenas de fabricantes e distribuidoras de dispositivos médicos em todo o mundo.
https://piaui.folha.uol.com.br/brasil-permite-proteses-mamarias-proibidas-na-europa/
Fábio Santiago
Cirurgião, PhD pelo PGCM/UERJ