Este observatório se interessa pela medicina sob diversos aspectos. Tenho pensado na confiança existente na relação médico paciente. A medicina tecnológica produziu uma mudança no padrão de confiança que existia na medicina liberal, começo do século passado. Para além dos avanços na medicina dos anos 60, 70, 80, no novo século experimentamos a robótica e muitos outros intermediários, como a própria internet. Os espaços relacionais continuam ativos e fundamentais. No entanto, como tão bem analisou Lilian Shraiber, não ficamos imunes a tantos intermediários. Não é mais o médico ( e outros profissionais de saúde) o único a definir caminhos para o enfrentamento das doenças.
O desafio seria potencializar os espaços relacionais. Que estratégias têm sido apontadas para tal? Como aqui é um espaço de pequenos comentários, vou apontar uma. A medicina comunitária, com todos seus equívocos, como a falta de flexibilidade na escolha do médico de família, desfinanciamento, cobertura baixa da Estratégia Saúde da Família, vem operando uma medicina digna. A especialização em medicina de família e comunidade possibilitou médicos bem formados. Juntando a juventude desses profissionais, sua qualificação e, em especial, sua vocação, a confiança, minha preocupação anterior, vem se construindo. Muito ainda há a ser dito sobre os médicos generalistas.