Observar de maneira crítica.
Como produzir um discurso de segunda ordem para a clínica? Entender um Observatório da Medicina como Epistemologia é um caminho natural. Não devemos nos apressar entretanto pois, aqui, o objeto da crítica não é um método mas uma prática. Uma epistemologia examina a pretensão cognitiva de uma ciência. Assim, pode-se cair num erro de categoria ao se propor uma episteme para a clínica, seja de maneira historiográfica – há uma história da medicina? – seja como crítica contemporânea de uma prática. Mas parece haver fatos novos: uma nova ética médica ou a ausência desta na medicina de mercado (Cf Vianna); uma outra metafísica para além da Anatomia Patológica; um cerceamento da função enunciativa do médico pelos algorítimos reguladores, protocolares que, no limite, desenham um horizonte de finitude da arte da clínica; os níveis de consciência e de compromisso dos responsáveis pela formação médica, tanto na graduação como na pós graduação, para a identificação e abordagem de tais problemas. Estes são exemplos de questões nada triviais que evocam a necessidade de se arregaçar as mangas e colocar o Observatório em prática para construir – quem sabe? – a posteriori, para além da Epistemologia, uma Filosofia da Clínica.
Assim, vejo a estratégia do Observatório como inspirada na Academia de Platão. Escola sem anfiteatros, sem salas de aula, por não haver conhecimento pronto a ser ensinado mas, de outro modo, este passa a ser o fruto do debate entre pares, da dialética, essência da atividade de pesquisa.
Vamos em frente nessa Ágora dos nossos tempos.
Fernando Telles
Sou a Amanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.